sexta-feira, 4 de março de 2011

Diabetes é tudo igual?

Mudam-se os tempos, mudam-se os hábitos. É inquestionável que vivemos um período de transição tanto epidemiológica quanto nutricional. Em meio a era dos fast foods e do sedentarismo observa-se, ainda, maior prevalência de doenças crônicas como obesidade, hipertensão e diabetes. Nesses quesitos todo mundo sabe um pouco, mas ainda sim existe muita confusão no que diz respeito a certos conceitos básicos.
Quando falamos em diabetes o que vem à mente é um indivíduo gordo que não pode comer doce. Essa é uma concepção um tanto quanto equivocada, afinal, a doença é classificada em mais de um tipo. É interessante saber, por exemplo, que o diabetes insípidus não tem nada haver com o açúcar, uma vez que está associado à produção, liberação ou absorção de ADH (conhecido como hormônio antidiurético e associado à concentração urinária). O diabetes mellitus, por sua vez, está sim diretamente relacionado à glicemia (taxa de açúcar no sangue) mas é subdividido em três diferentes tipos... e é aí que muita gente faz confusão.
O diabetes mellitus tipo 1 é uma doença auto-imune em que o próprio organismo destrói as ilhotas de langerhans do indivíduo, estas são as células pancreáticas responsáveis pela liberação de insulina (hormônio que, dentre outras funções, mantem a glicemia adequada). Este tipo aparece, em geral, na infância ou adolescência e os portadores são insulino-dependentes, aplicando diariamente injeções de insulina, uma vez que não a produzem adequadamente.
O diabetes mellitus tipo 2 é o tipo mais conhecido, aparece principalmente em adultos e idosos e está diretamente relacionado com a obesidade, hábitos alimentares inadequados e sedentarismo. Seus portadores produzem a insulina, mas os receptores celulares para o hormônio não funcionam adequadamente, seja pelo excesso de gordura corporal, o desgaste a longo prazo ou etc... Sendo assim, de uma maneira geral, o problema não está na produção e sim na utilização da insulina. O tratamento da doença acaba sendo mais “simples” e, muitas vezes, uma mudança no estilo de vida é o suficiente para controlar a glicemia e evitar complicações.
O diabetes mellitus gestacional é uma condição transitória, sendo desenvolvida somente durante a gravidez (após a gestação, em geral, o quadro desaparece). Apesar de não ser um estado permanente, a adesão ao tratamento é imprescindível para evitar complicações tanto para a progenitora, quanto para o bebê.
A manutenção de uma glicemia adequada é fundamental, uma vez que taxas elevadas podem levar a cegueira irreversível, problemas renais, alterações cardiovasculares (podendo resultar na amputação de membros), diminuição das taxas de cicatrização e muitas outras coisas. Diabetes é coisa séria e não tem cura, dessa forma o tratamento requer muita disciplina e comprometimento. Apesar dos pesares é possível sim que os portadores levem uma vida normal e saudável, basta investir na alimentação equilibrada e na prática regular de exercícios físicos, tudo isso associado ao tratamento dietoterápico (nutricionista) e medicamentoso (médico). Mudar hábitos é difícil, mas fundamental... viver não tem preço.

Laíza Leite Antonelli  [diabética (tipo 1) a 9 anos]

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